quinta-feira, 12 de maio de 2016

NEANDERTAL

Rasguei o meu vestido habitual
não queria mais
não mais sair daquele jeito

Eu tinha apetite
afastei com os dedos a rotina do meu prato do dia
Meus olhos também precisavam de alimento

Assisti as ondas do mar batendo contra as pedras
Fui para onde eu pudesse estar livre
dos medos, cicatrizes e dúvidas

Precisava sair da cama e andar sem sapatos
não queria mais
não mais sair daquele jeito
Então fui

Me espreguicei
e bati com a mão em um ninho de marimbondos

Como um Neandertal descobri que podia ficar de pé
E corri
Corri para perto do mar e das pedras
Fui para onde eu pudesse estar livre

Onde eu me sentia selvagem
Como um Neandertal
Senti o cheiro da maresia
Senti uma emoção primitiva
Uma emoção que os filmes de romance nunca me causaram