segunda-feira, 21 de abril de 2014

21 DE ABRIL


Em 21 de abril de 1987 às 18:26, por total equívoco geográfico, nascia em Caxias do Sul-RS aquela que seria a única prima entre os primos, a única menina da rua.
A gordinha que não conseguia subir na casa da árvore, mas que sacudia a árvore pra derrubar os amigos.
Aquela que levava a lancheira azul do tom e jerry herdada do irmão mais velho, nunca seria bem-vinda no grupinho das meninas que colecionavam coisas da barbie.
Idas e vindas, mudando de cidade, mudando de bairro, mudando de escola. Foi crescendo e esticando, na escola era a última da fila por ser grandona, consequentemente a última na fileira das carteiras pelo mesmo motivo.
Era sempre da turma do fundão, bagunceira, amiga dos nerds e comunicativa com os playboys, representante de turma e presidente do grêmio.
Péssima no futebol, goiaba no vôlei, brucutu no handball, só se dava bem no basquete por ser a dona da bola e pq o esporte nunca foi sucesso entre os amigos.
Descobriu o rock quando se mudou de volta pra cidade pequena, e num convite inusitado do vizinho quase 10 anos mais velho, foi pra festa possuindo uma coca-cola 2 litros. Obviamente a única sóbria da festa, com os olhos que pareciam uma filmadora, registrando todas as músicas e bandas que deveria ouvir daqui pra frente.
Adeus chiquititas.
Logo surgiu uma banda e sem ninguém saber tocar nada, eu ja sabia que meu lance era ficar lá atrás, grandona, com o maior instrumento. Os roqueiros sempre generosos emprestando fita, cd, revista, instrumento.
Nossa… ouvi muita banda ruim, muita banda boa, usei crucifixo e coleira de spike. Rasguei minhas calças, cabelo curtinho, vermelho, piercing, fiz a minha fama de mau.
Fui pra faculdade e entre tanta gente diferente, vivi os anos mais ecléticos e etílicos da vida.
E piscando os olhos passaram-se alguns anos… trabalhando, estudando, aprendendo,ensinando, portas se abrindo e outras se fechando.
Fiquei cansada de algumas coisas, careta de outras.
Séria, com a seriedade as vezes se confundindo com o mau humor, mas ainda com alguns surtos de molecagem.
Uma vez falei pra uma amiga que poderia morrer agora, porque eu era feliz, já tinha vivido muita coisa e conhecido todos os amigos que precisava. Nossa, que bobagem… Vivi nada.