segunda-feira, 29 de agosto de 2016

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A vida é muito curta para morar no Rio?

Muitos amigos tem compartilhado uma matéria que me causou um certo desconforto.
A matéria diz que a vida é muito curta para morar no Rio, e gonga a cidade e os cariocas em todos os seus esteriótipos de perfeição e defeito.

Roupa colorida, posto 12, zona sul, malandragem e blá blá blá...

mas olha, "criminalidade, pobreza, corrupção e falta de toda a sorte de serviços básicos" são problemas em maior ou menor grau EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, e sinceramente, pra mim, "romântico" não é chamar o Rio de Cidade Maravilhosa. Fica tranquilão aí, cara, porquê isso é só marketing de turismo, QUALQUER LUGAR DO MUNDO possui um slogan cuja descrição normalmente tenta dar um ar de glamour ao local. Pra mim, romântico é você achar que decidir ir embora da cidade é uma coisa fácil de se fazer e a solução de todos os problemas.

Olha, decidi aqui, vou vender tudo no Enjoei e partir pra SP, a cidade que funciona... ou pro Uruguai, que o 4:20 é legalize... ou pra Califórnia, viver a vida sobre as ondas. Aproveita e vê se leva o Lulu Santos e todo o The voice contigo, ok?

Entendo todos os problemas que temos nessa cidade, mas esteriótipo pra mim é achar que só o povo da zona sul é feliz morando no Rio. Eu já morei em Madureira, Bangu, Méier, Tijuca e foram experiências incríveis, de vivências dentro desses bairros e em suas redondezas. Foi mal aí, mas se você não conhece a codorna do feio em Engenho de Dentro, se você nunca frequentou o tutu de sábado na Portela, enchendo linguiça no grajaú, bar do omar no santo cristo. Então você também nunca foi correr nas paineiras na floresta da tijuca, e você nem sabia que a ZN tem cachoeira! Você também nunca viu que beleza tem os alpes banguenses pra fazer uma fotinha linda no instagram, e você também nunca comeu no Big Russa, nem na batata de marechal.

A vida é muito curta para morar no Rio, amigo, mas enquanto estamos por aqui, sem muitas condições de "dar o vazare", bora curtir essa cidade que tá cheia de coisa maneira pra fazer, e várias lutas para se juntar, porque criminalidade, pobreza, corrupção e falta de serviços básicos tem em todos os lugares do mundo, mas beleza natural e gente boa, de fato, não é qualquer lugar que tem, e talvez por isso o Rio de janeiro tenha esse slogan de "Cidade Maravilhosa".

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Nihil obstat


Jurei não mais amar pela décima vez
mas nada impede
Nihil obstat
Não possuo um colete blindado à prova de afinidade

Com a precisão de um sniper
atirou do meu lado esquerdo da caixa torácica
Senti que o meu coração quis parar
mas não parou
Verifiquei, foi de raspão

Voltei a mim
 escutei uma voz do escuro falar
Quantas mais já ganhou este coração?

Este coração de ferros retorcidos
que não bate e nem sente
Onde o sangue não pulsa 
E de verdade só tem a tinta vermelha
Que já descasca e desbota

Pela décima vez ele está inocente
mas nada impede
Nihil obstat
E nem sabe o que fez

De fato, és um meteoro
Como assim um dia disse que era
Pesado, intenso e passageiro
Passando na vida de muitas delas

Destruindo e capotando
sem nenhum obstáculo
pois nada te impede
Nihil obstat

quinta-feira, 12 de maio de 2016

NEANDERTAL

Rasguei o meu vestido habitual
não queria mais
não mais sair daquele jeito

Eu tinha apetite
afastei com os dedos a rotina do meu prato do dia
Meus olhos também precisavam de alimento

Assisti as ondas do mar batendo contra as pedras
Fui para onde eu pudesse estar livre
dos medos, cicatrizes e dúvidas

Precisava sair da cama e andar sem sapatos
não queria mais
não mais sair daquele jeito
Então fui

Me espreguicei
e bati com a mão em um ninho de marimbondos

Como um Neandertal descobri que podia ficar de pé
E corri
Corri para perto do mar e das pedras
Fui para onde eu pudesse estar livre

Onde eu me sentia selvagem
Como um Neandertal
Senti o cheiro da maresia
Senti uma emoção primitiva
Uma emoção que os filmes de romance nunca me causaram

segunda-feira, 2 de maio de 2016

ESPAÇO PARA UTOPIAS

UTOPIA
substantivo feminino
  1.  lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos.
  2. qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade.
  3. p.ext. projeto de natureza irrealizável; quimera, fantasia.
Ainda há espaço para Utopias.
Temos que buscá-la.
É difícil encontrar, mas existe.
Estamos cercados de eletricidade. Cercados pela era digital. E assim como foi desde que o mundo é mundo e vem evoluindo, precisamos de tempos em tempos nos reciclar ao modo essencial de ser humano, procurando voltar as nossas origens para poder entender que está tudo bem e que a vida e a nossa existência é fantástica em muitos sentidos e aspectos.
Com todos os avanços tecnológicos, existe a sensação de que estamos perdendo o espaço humano, o contato pessoal, a sensibilidade das coisas. E, necessariamente, chega um momento que buscamos o espaço para utopias.
Como já dizia o Cartola:
Eu quero nascer
Quero viver
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
O caminhar sem rumo, o “se perder para nos encontrar”. De tanta pressão (e opressão) que vivemos no nosso cotidiano.
Tudo está condicionado ao resultado.
Tudo está condicionado ao perfeito.
Uma pressão permanente sobre o acerto.
Sermos bem-sucedidos em tudo que fazemos.
Detesto essa visão.
Detesto a ideia de não poder errar.
Detesto pensar que vivo em uma geração que não me permite aprender com os erros.
De não poder se equivocar.

Não poder falhar, se recuperar e seguir adiante.
Um dos maiores poderes do ser humano: Errar.
Eu cometo muitos erros. Muitos erros…
Sempre foi assim e não deixarei de cometê-los.
Eu erro.
As vezes de forma imperceptível, outras vezes de forma densa e incisiva.
Mas nesse vão que se abre quando se comete um erro, temos a oportunidade de pedir perdão ou de apreciar a correção de um.
Estou sempre sob minha própria suspeita.
Permanentemente duvido de mim.
Inclusive das coisas que, quando eu tinha 18 anos, tinha certeza que eram absolutas.
O mundo está sempre em movimento.
Estamos tentando descobrir quem somos.
O que estamos fazendo nesse planeta.
Crises existenciais.
Somos uma espécie tão extraordinária em tantos sentidos e em muitos outros não.
O espaço para a utopia é necessário.
Para entender o que estamos fazendo aqui.
O que vamos fazer com tudo isso?
Procure o seu espaço para as utopias.
É difícil encontrar, mas existe.

terça-feira, 15 de março de 2016

TRANSEUNTES

Pessoas demasiadamente felizes ocupam as calçadas do Rio de Janeiro às 8 da manhã de dias úteis.

Elas estão sempre andando devagar, pois estão passeando.
Fazem yoga
Usam gratidão no lugar de obrigado.

Elas nunca estão sozinhas.
Estão sempre de mãos dadas com seu amor,
fechando a calçada de uma ponta a outra.
Elas também vem encarnadas como pais de filhos lindos
Crianças de bracinhos longos que adoram mochilas de rodinhas
Outros vem como donos de cachorro,
Cães belos e de olhos azuis com coleiras enormes e bem esticadas. 

A todos vocês, transeuntes da novela de Manoel Carlos,
queria tanto, mas tanto
dar uma banda em vocês pra ver se saem da minha frente.